terça-feira, 1 de março de 2011




 

Às vezes, fico me perguntando porque é tão difícil
ser transparente?
Costumamos acreditar que ser transparente é
simplesmente ser sincero, não enganar os outros.
Mas ser transparente é muito mais do que isso.
É ter coragem de se expor, de ser frágil, de
chorar, de falar do que a gente sente...
Ser transparente é desnudar a alma, é deixar cair
as máscaras, baixar as armas, destruir os imensos
e grossos muros que nos empenhamos tanto
para levantar...
Ser transparente é permitir que toda a nossa
doçura aflore, desabroche, transborde!
Mas infelizmente, quase sempre, a maioria de nós
decide não correr esse risco.
Preferimos a dureza da razão à leveza que exporia
toda a fragilidade humana.
Preferimos o nó na garganta às lágrimas que
brotam do mais profundo de nosso ser...
Preferimos nos perder numa busca insana por
respostas imediatas à simplesmente nos entregar e
admitir que não sabemos, que temos medo!
Por mais doloroso que seja ter de construir uma
máscara que nos distancia cada vez mais de quem
realmente somos, preferimos assim:
manter uma imagem que nos dê a sensação de
proteção... E assim, vamos nos afogando mais e
mais em falsas palavras, em falsas atitudes, em
falsos sentimentos.
Não por sermos pessoas mentirosas, mas apenas
porque nos perdemos de nós mesmos e já não
sabemos onde está nossa brandura, nosso amor
mais intenso e não-contaminado.
Com o passar dos anos, um vazio frio e escuro nos
faz perceber que já não sabemos dar e nem pedir
o que de mais precioso temos a compartilhar,
doçura, compaixão... a compreensão de que todos
nós sofremos, nos sentimos sós, imensamente
tristes e choramos baixinho antes de dormir, num
silêncio que nos remete a uma saudade
desesperada de nós mesmos... daquilo que pulsa e
grita dentro de nós, mas que não temos coragem
de mostrar àqueles que mais amamos!
Porque, infelizmente, aprendemos que é melhor
revidar, descontar, agredir, acusar, criticar e julgar
do que simplesmente dizer:
"você está me machucando... pode parar, por
favor?".
Porque aprendemos que dizer isso é
ser fraco, é ser bobo, é ser menos do que o outro.
Quando, na verdade, se agíssemos com o coração,
poderíamos evitar tanta dor, tanta dor...
Sugiro que deixemos explodir toda a nossa
doçura!
Que consigamos não prender o choro, não conter
a gargalhada, não esconder tanto o nosso
medo, não desejar parecer tão invencível.
Que consigamos não tentar controlar tanto,
responder tanto, competir tanto, que consigamos
docemente viver, sentir, amar...
E que você seja não só razão, mas também
coração, não só um escudo, mas também
sentimento. Seja transparente, apesar de todo o
risco que isso possa significar.

Rosana Braga

Nenhum comentário:

Postar um comentário